30.1.08

Carnaval na Lapa

Pleno carnaval. Estava eu parado do lado de fora do boteco, assistindo ao hipnotizante rebolado de uma morena estonteante. Assisto. Assisto. Assisto. Eis que sinto uma pesada mão em meu ombro. Naquele momento o mundo girou com violência. Ou isso ou fui girado até dar de encontro um afro-brasileiro do tamanho de... De... Nem sei. Me faltam adjetivos! O cara, com a cara a menos de um palmo da minha, falava um monte de coisas, mas eu perdi completamente a concentração ao ver o movimento dos lábios do negão. Não eram lábios, eram beiços! Beiças! No feminino mesmo! Ok. Sejamos sinceros: ninguém pode se concentrar no que alguém diz quando ameaçadores beiços cheirando a cachaça estão tão perto da sua cara.
Num pentelhésimo de lucidez, percebi que o camarada estava ficando muito puto nas calças e que minha integridade física corria sério risco. Consegui entender o que ele dizia:
- Que papo é esse de ficar olhando pra minha mulher, rapá?
Usando de toda a malandragem aprendida em 33 anos de vida no Rio de janeiro, disparei:
- Ô, rapaz... Mil perdões. Eu não sabia que ela era sua mulher. Peloamordedeus perdoe minha ignorância e completa falta de discrição.
- É o que?
- Eu disse que não queria passar por um completo palhaço, bêbado que fica olhando pra mulher dos outros. Foi mal mesmo, bicho! Pra te provar que eu não estava de má fé, má vontade ou qualquer outra coisa que seja má, deixa eu te pagar uma gelada. CHICO! Traz uma cerveja cu-de-foca pro nosso caríssimo amigo aqui.
- Não sô teu amigo, palhaço!
- CHICO! Traz uma cerveja gelada como o grande caralho de asas pro nosso nobre colega!
- Também não sou seu colega, otário!
- CHICO! PELA FÉ NO SANTO SEPÚLCRO, TRAZ UMA CERVEJA PRO NOSSO ILUSTRE DESCONHECIDO!
Pouco depois, copos cheios e ânimos apaziguados, com a desculpa de tirar água do joelho, passei no balcão, paguei minha conta e saí sorrateiramente. Seguia o caminho pra casa muito concentrado até que fui desconcentrado pelo rebolar de uma loirinha linda com uma saia microscópica...

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