28.11.05

Nosso Deque

Fui caminhando pela orla da lagoa prestando atenção nas faces das pessoas - impressionante o que um domingo ensolarado traz de sorrisos – não pude deixar de observar. Andava despreocupada e preguiçosamente carregando Ruben Braga que me faria companhia, mas sem deixar de prestar atenção nos rostos alheios. A vida deveria ser feita única e exclusivamente de domingos de sol.
Cheguei ao nosso deque e sentei-me à sombra para ler minha companhia. Ali crianças bem vestidas de pais melhor ainda vestidos, corriam e gritavam em louco frenesi sem atrapalhar minha leitura. Uma das crianças me olhava com ar desconfiado possivelmente tentando imaginar o que poderia ser mais interessante do que gritar e correr. Sorri para ela que me sorriu de volta e voltou aos seus afazeres infantis. Talvez tenha se tranqüilizado sabendo que eu também me divertia.
Um Bem-Te-Vi chegou perto de mim para saber o que eu lia. Primeiro pousou acima de mim num fio de eletricidade, mas a visão não era boa. Aproximou-se mais, aprovou minha leitura, me olhou nos olhos e viu o quão feliz eu estava; aposto que, como todo Bem-Te-Vi é fofoqueiro, foi correndo contar aos outros Bem-Te-Vis que ali naquele deque se sentava um homem feliz. E aposto uma mariola mordida que ele sabia porque eu estava feliz!
O sol fazia com que os outros suassem, mas para mim ele chamou uma brisa leve que me protegia do calor. Luzes dançavam sobre a superfície da água que balançavam levemente o nosso deque quase que embalando nosso sonho que agora, é mais real do que a própria vida.

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