12.12.03

- Sabe o que eu queria?
- Não.
- Ser seguro de mim...
- E você não é?
- Não. Por que? Pareço?
- Parece... Mas também, a gente se conhece pouco. Ainda não sei suas reações, seu comportamento.
- É verdade. E o mais curioso é que parece que a gente se conhece há tempos incontáveis.
- Tempo... Acho que é a única coisa comum a tudo. Tudo mesmo! Tudo tem um tempo seu, próprio. E ainda assim, tempo pode ser conceitual.
- Como assim?
- Qual o tempo certo de se começar a trabalhar? Qual o tempo certo de se ter um filho? “O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto tempo o tempo tem”.
- O que é isso? É seu?
- Não. É uma coisa de um livro que eu li quando era pequeno. Cada letra tinha um versinho desses. O “T” era esse. Acho que era um livro de trava-línguas.
- E você lembra dos outros?
- Não... Tem muito tempo que eu li isso... Quanto tempo a gente tem aqui nessa terra? Quando eu morrer, para onde vai o tempo?
- Por que você se preocupa tanto com o tempo?
- Porque perdi muito tempo tentando descobrir quem eu sou.
- E já descobriu?
- Não. Alguém já se descobriu por completo?
- Não que eu conheça. As pessoas mudam de acordo com o tempo.
- O tempo conceitual ou o tempo geral, dessa forma que a gente conhece?
- Acho que da forma geral, mundana.
- Ah...Mas o que deflagra essas mudanças? O tempo ou a vivência?
- Quanto mais tempo de vida se tem, maior a vivência. Então o tempo nos muda.
- Mas pode-se ter muita vivência em pouco tempo de vida. A vida é dissonante e muitas vezes, nos leva para lugares estranhos.
- É verdade... Por falar em tempo... Nosso tempo acabou. São cento e cinqüenta dinheiros.
- Ué! Há pouco tempo atrás eram cem dinheiros!
- Ah... Mas isso foi há muito tempo!
- É... Deve ser o sinal dos tempos...

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