30.4.08

Dois Dias em Abril

Cabo-Frio, 18/04/2008

Eu não olhava para ele. Ou tentava não olhar, mas sob os óculos escuros, uma espiada sempre me escapava. Pior era vê-lo ali escrevendo, lendo, fumando um cigarro ou bebendo uma cerveja. Vê-lo ali e não poder falar com ele.
Não posso dizer que me incomoda muito o fato de ele nem me dizer "bom dia!" como ele dizia antes. Afinal, eu também não não me dirigia a ele. Só com o olhar eu tentava me comunicar, quando tinha certeza de que ninguém mais estava vendo. Será que ele percebe? Aposto que sim! Principalmente quando nossos olhares se encontram por alguns mínimos segundos. Agora sei que ele também me percebe.
Beleza não é o forte dele. Não à primeira vista. Muito mais charmoso, ele sabe fazer uso disso e acaba se tornando mais bonito, seu olhar fica mais penetrante, ele fica mais confiante. Os olhos de uma cor que não se pode prever. Quase sempre verdes, mas muito azuis de outras. Me olhando, me descobrindo, me revelando segredos. Fico sem graça e passo a mão nos cabelos tentando desviar meu olhar. Acabo olhando aqueles olhos infinitos de novo e fico tímida como uma adolescente.
Naquela sexta-feira regada a sol, cerveja e boa conversa, já no fim do dia quando ele sabia que eu já me entregara, ele simplesmente se levantou, deu dois passos na minha direção, segurou meu queixo com a leveza e a firmeza que eu esperava e me beijou sem pressa, degustando. Um beijo doce, profundo.
Beijo molhado, nu, suado e com Pedrinha de Aruanda, ê! Me sentia protegida e olhando em seus olhos, contei as coisas da minha vida, meus impedimentos, meus medos. Ele compreendeu, disse que estava tudo bem ao pé do meu ouvido. Arrepio. Caminhada até minha casa, mais daquele beijo.
O dia seguinte ia correndo e eu queria ficar mais perto, beijar, mas não posso! A noite chegou. Passeio na beira do mar, barzinho, Divas in Las Vegas no DVD, minhas mãos nas mãos dele, sopa no restaurante japonês, dança desajeitada ao som de uma música linda e desconhecida, risos, cumplicidade. Promessas.
Não cumpri com o nosso combinado e espero que ele entenda. Não vou voltar pra ele. Melhor partir para onde vim. Marcamos nossos corpos e me vou. Até...

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