27.3.04

Rosa

Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa do amor
Por Deus Esculturada E formada com ardor
Da alma da mais linda flor
De mais ativo olor
Que na vida é preferida pelo beija-flor
Se Deus me fora tão clemente
Aqui nesse ambiente de luz
Formada numa tela deslumbrante e bela
Teu coração junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado sobre a rósea cruz
Do arfante peito seu
Tu és a forma ideal
Estátua magistral oh alma perenal
Do meu primeiro amor, sublime amor
Tu és de Deus a soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração sepultas um amor
O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes cheios de sabor
Em vozes tão dolentes como um sonho em flor
És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim que tem de belo
És todo resplendor da santa natureza
Perdão, se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh flor meu peito não resiste
Oh meu Deus o quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar em esperar
Em conduzir-te um dia
Ao pé do altar
Jurar, aos pés do onipotente
Em preces comoventes de dor
E receber a unção de tua gratidão
Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
hei de envolver-te até meu padecer
De todo fenecer.


(Pixinhguinha/Otávio de Souza)

22.3.04

A Santa Sexta-Feira e o Show do Jethro Tull

Passava um pouco da 19:30 de sexta a noite. Eu estava sentado ao computador esperando uma pessoa aparecer no MSN quando meu telefone toca. Era Pedro – meu fiel escudeiro.
- Preguinho, quer ir no show do Jethro?
- Pô neguinho, to duro feito côco!
- Caralho! Eu perguntei se você quer ir ao show e não se você tem dinheiro!
- Claro que eu quero, porra!
- Daqui a vinte minutos eu te ligo!
Sento-me ao computador mais uma vez para esperar. O telefone toca de novo. De novo era Pedro – meu fiel escudeiro – cantando no meu ouvido:
- “Sitting on a park bench”
- Vai rolar?
- Vai! Lá pelas dez e pouco a gente passa aí!
Dilema... Eu precisava muito, mas muito mesmo falar com a pessoa que eu estava esperando e nunca tinha visto um show do Jethro! O que fazer, meu pai?
Eis que a pessoa que eu estava procurando aparece. Contei meu dilema e ela, adoradora de Jethro também, me manda ir ao show. Tínhamos perto de duas horas para conversar e foi o que fizemos. O que foi dito? Só a gente sabe! Mas as coisas se resolveram da melhor maneira possível! A hora fatal chegou. Nos despedimos, passei pela geladeira pra pegar cerveja para o povo que estava chegando. Desci, entrei no carro e nos dirigimos para a Barra da Tijuca – o cu do Rio de Janeiro.
Ano de eleições para a prefeitura dos estados da confederação é uma merda! Na esquina da Jardim Botânico com Pacheco Leão, as obras permitiam que somente um carro por vez passasse. Tanto de um lado como do outro. O show começava as 22:30 e as 22:15 estávamos presos na rua Jardim Botânico. Alguém aí sabe o que é o transito normal da rua Jardim Botânico? Agora imagina quando só passa um carro de cada vez. Imaginou? Agora some-se a isso a nossa angústia pra chegar logo na casa de shows do Rio que mais mudou de nome (qual é o nome mesmo?).
Felizmente, ao passarmos pela rua Pacheco Leão, o trânsito melhorou e em poucos porém angustiantes minutos, chegamos ao Via Parque. Adentramos o estacionamento do shopping e... quem foi que disse que tinha vaga? Rodamos, rodamos, rodamos e estacionamos perto de um jardinzinho. Comentei:
- Foi impressão minha ou tinha uma fila enorme de gente na porta?
- Deve ser gente saindo do shopping e pagando estacionamento...
Claro que não! Era fila mesmo! Comentei:
- Bom... com esse monte de gente do lado de fora, o show não deve nem ter começado ainda! – Um carinha que estava na nossa frente vira-se para trás e, com toda a propriedade nos informa:
- O show já tá rolando há uns quarenta minutos!
Depois de superados todos os percalços, entramos no “não-sei-das-quantas” Hall e, como fora anunciado pelo arauto da desgraça anteriormente, o show já tinha de fato começado. Fomos nos embrenhando naquele mar de gente tentando achar um lugar que desse pra ver o palco. NOTA: nunca vi um show de Rock and Roll onde, na frente do palco ficam várias mesas e o povo roqueiro mesmo, se espremendo lááááá trás! Nunca vi isso na minha vida!
Bom, estávamos lá, o show estava rolando, a cerveja era Brahma (eca!) e custava cinco dinheiros. O garçons quase morreu de rir comigo:
- Quanto é a cerveja, irmão?
- Cinco dineiros!
- Uma só?
- Uma só!
- Putamerda! E é Brahma ainda por cima?? Bom... já que não tem tu, vai tu mesmo!
Nesse momento, Ian Anderson pára para conversar com a platéia e eu dou um berro histérico:
- SONGS FROM THE WOODS!!!
Não é que ela atacou de Songs from the Woods?
O show foi ótimo! Nota 10!! A organização do evento... nota 0!
Mas o que importa mesmoé que, durante todo o show, eu só pensava naquela pessoa. E dancei! Pra quem me conhece sabe que isso é raaaaro... Mas lá estava eu. Dançando! E só dançava porque pensava naquela pessoa e no quanto ela gosta de dançar!
Que foi? Tô feliz, oras!

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